O Grupo de Trabalhos de Fornecedores Indiretos (GTFI) se reuniu em São Paulo no dia 25 de março para discutir e apresentar os avanços no desenvolvimento de soluções práticas para aprimorar o monitoramento das propriedades de fornecedores indiretos na cadeia de suprimentos da carne bovina, na busca por oferecer mais transparência e ampliar a competitividade da pecuária brasileira.
No evento, Sandra Catchpole, Leonel Almeida e Liege Correia, responsáveis pela área de sustentabilidade das empresas frigoríficas Masterboi, Marfrig e JBS, respectivamente, apresentaram suas iniciativas para o monitoramento de fornecedores indiretos. As empresas contam com plataformas que avaliam a conformidade dos fornecedores indiretos, ainda que com algumas limitações, principalmente por falta de transparência de dados públicos sobre essas propriedades rurais.
O Ministério Público Federal foi representado pelo procurador do Pará, Ricardo Negrini, que tratou da importância, em algum momento, da inclusão dos fornecedores indiretos nos acordos estabelecidos entre os frigoríficos e o MPF – TAC da Carne. Em relação às auditorias feitas pelo MPF no estado, ele citou que para o 6º ciclo foram análises que identificaram que, em relação aos indiretos, 38% das propriedades estão em conformidade; 27% com potencial de não-conformidade; e 35% sem identificação. A maior parte dos problemas está ligado ao desmatamento, seguido por áreas com algum tipo de embargo.
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Para Francisco Beduschi – Líder da National Wildlife Federation WNF, que junto com a AdT coordena o GTFI, outro resultado importante do Grupo está na troca de experiência entre os participantes. “O depoimento da Sandra – Masterboi falando do seu aprendizado a partir das trocas de experiências com a Marfrig é um bom exemplo de como um fórum como o GTFI pode multiplicar resultados”.
O evento contou também com a apresentação das iniciativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA para a rastreabilidade e divulgação de informações da agropecuária, feita por Fernando Sampaio – diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).
Próximos passos
Ano passado, o GTFI criou um subgrupo de trabalho para o desenvolvimento de requisitos técnicos para rastreabilidade e monitoramento de indiretos, com o objetivo de construir um documento que oriente a aplicação das regras e o desenvolvimento de soluções.
“O documento, em elaboração, será fundamental para o setor, pois contribuirá para nortear os programas implantados pelos frigoríficos e as diretrizes de órgãos governamentais e de associações setoriais, incluindo bancos, investidores e varejo, além de levar informações para fundamentar os acordos do Ministério Público Federal”, explicou Cintia Cavalcanti, analista do Programa de Cadeias Agropecuárias da AdT.
Baseado em quatro pilares, o material trará: (a) fundamentos técnicos para monitoramento de fornecedores indiretos de nível 1; (b) uso do Guia do Trânsito Animal (GTA) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para rastreabilidade e monitoramento; (c) uso das Boas Práticas – GTFI para análise socioambiental das propriedades; e (d) orientações para a reintegração de fornecedores.
Sobre os Indiretos
Os fornecedores indiretos são aquelas propriedades que vendem gado para outras propriedades que então o vende para os frigoríficos, e são um importante elo da cadeia produtiva. Sendo assim, ao longo de uma década de trabalho o GTFI desenvolveu trabalhos que foram fundamentais para a evolução dos debates e das ações tomadas por diferentes elos da cadeia de valor. Esses trabalhos envolveram desde a conscientização da importância do tema, a compreensão dos caminhos possíveis para realizar o monitoramento dos fornecedores indiretos, até o desenvolvimento de soluções técnicas para o monitoramento.